Baixio das Bestas


Nojo e admiração. Essas sãos as duas palavras que consigo descrever o filme "Baixio das Bestas", do diretor Claudio Assis (O mesmo de Amarelo Manga).
As ótimas interpretações de Caio Blat e Mateus Nachtergaele e a direção de fotografia de Walter Carvalho(Carandiru, Madame Satã) são as motivações para conseguir digerir o filme.

Auxiliadora de 16 anos, sofre com a exploração sexual pelo seu avô. Do outro lado temos as estrapulias e bagunças feitas pelos jovens Cícero e Everardo e as prostitutas, sendo uma delas interpretada pela maravilhosa Dira Paes.
Essas histórias servem como exemplo para mostrar as condições de vida das mulheres em uma cidadezinha de Pernanbuco, onde as mesmas são violentadas e exploradas, tanto fisica quanto psicologicamente.


A opção de Claudio por colocar os planos bem expandidos, deixando os atores ao longe e mostrando bem o cenário é bacana, mas acho que exagerou e acabou deixando o começo do filme um pouco cansativo.
O roteiro pecou um pouco pois essa coisa de mostrar o lado ruim do Nordeste já está um pouco cansativa. Atualmente isso só funciona bem se tal tema for apenas o pano de fundo para alguma boa história. E não é o caso de "Baixio...".
Ao final do filme eu fiquei na dúvida sobre o que realmente Assis queria mostrar. Alguns momentos parecia apenas querer chocar. E isso pode se comprovar comparando a cena de estupro da prostituta com a do estupro da menina Auxiliadora. Porque "ocultar" as ações violentas com a prostituta e deixar visível as com a garota?

É um filme que arrepia os ossos e causa ojeriza. Podemos destacar isso na cena em que o avô passa a mão na vagina da neta, cheira e sente prazer. Uma pausa para beber uma água foi essencial pra continuar assistindo o longa.

Forte, pesado, exagerado, nojento e ousado foi a mistura feita por Claudio Assis. E ele dá o seu recado na cena em que o personagem do Mateus diz: Sabe o que é bom do cinema? É que tu pode fazer o que tu quer!

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